Os dias de Setembro vão passando, ainda quentes.
Serei apenas eu que nesta altura que anseia pelo Outono?
Adoro espiar as colecções novas, as cores os padrões.
Esta semana é dia de fazer as unhas e acho que já vou investir numa cor com "cheirinho" a Outono.
Ora vejam
Após digerir os últimos acontecimentos, foi altura de reerguer, seguiram-se inúmeros exames, uns mais fáceis que outros.
Após a primeira consulta, e após saber da realidade, uma das minhas grandes amigas agarrou em mim e levou-me ao santuário de Fátima.
Comprou uma boneca de cera e queimou-a enquanto pedia por mim, pois ela é muito crente em Nossa Senhora de Fátima. Eu mesma comprei uma boneca de cera, entre outras velas, pedi forças para aguentar o que aí vinha. A verdade, é que mensalmente terei de ir a Fátima, essa foi a promessa.
Ficamos até á noite, para assistir á procissão das velas.
Foi um dia bastante divertido, fartamos-nos de passear, de rir e de aproveitar para deitar algumas lágrimas, escondidas pelos óculos de sol.
Nessa mesma semana, a medica ligou-me, e informou-me que os marcadores de sangue estavam limpos, o que me deixou muito feliz.
Mais exames, tac´s e o que mais me assustou, a biopsia óssea, só de ouvir o nome biopsia tremo dos pés a cabeça.
A biopsia foi sem duvida o pior exames que alguma vez fiz.
Não podia escapar, não tinha como, vou ter mesmo de passar por isso.
Em breve venho contar-vos a minha experiência.
Dormi bem dentro do possivel , acordei bem e cheia de força para ouvir o que tinham para me dizer.
Não quero andar na incerteza, quero certezas para saber com o que lido e como terei de me preparar psicologicamente (a mim e aos meus) para a batalha que aí vem.
Cheguei antes da hora marcada para ter tempo para respirar, mentalizar e dizer umas parvoíces para sossegar os meus pais que me acompanhavam.
Sim, sempre eles, eles sempre foram o meu pilar e nesta fase não será excepção.
O facto de eu dizer que estava cheia de força, não significa que não estivesse nervosa, e estava... bastante.
Entrei no "elevador 14" com a indicação do 3º piso, mas assim que o elevador parou no 2º, levei logo 2 pares de estalos.
Entra um rapaz novo (aproximadamente 20 e picos), de óculos de sol, carequinha, bastante magro e amparado em braços por um homem mais velho, e outro novo.
Baixei a cabeça, e prendi o olhar no chão, que triste pensei eu.
Durante o tempo que ali estive, não mais vi tal rapaz, mas vai ficar para sempre na minha memória.
Entrei na sala de espera, e olhei em meu redor, não aguentei, esperei ao pé das escadas e só voltei a entrar quando fui chamada.
Fui atendida por uma senhora aproximadamente na faixa dos 40/50, delicada, alegre e muito humana.
Foi bastante paciente comigo, quando me injectou (no mínimo) uma dezena de informação:
- Entrada de consulta
- Saída de consulta
- Cartão Oncológico
- Documentos de isenção
- Consulta piso inferior
- Folha A4 com etiquetas de processo
- Vai aqui ali além ...
- etc etc etc
Continuava anestesiada com tanta informação, e muito confusa com tanto para fazer.
A tal senhora acompanhou-me ao piso inferior, onde será dada a minha primeira consulta, e explicou-me como haveria de estar atenta á respectiva chamada.
Fez-me um carinho e disse que era bonita, para sorrir, soube-me bem.
Finalmente a tão aguardada senha apareceu no ecrã, e rapidamente me levantei e fiz-me acompanhar dos meus exames, escusado será dizer que também a minha mãe me acompanhou.
- Olá Helena, o meu nome é Daniela, vamos conversar um bocadinho?
- Olá Dra, como está? Vamos sim.
Fez-me um breve questionário,viu todos os exames, mas o que ela queria mesmo era ver a cintigrafia.
Naquele momento gelei, eu sabia que aquele exame ia dizer que sim, ou que não.
A médica torceu o nariz, olhei para a minha mãe e ela para mim, respiramos fundo, quase em sintonia.
- Helena, temos aqui metástases ósseas secundárias, o que significa que temos de procurar a origem, neste caso o primário que está a provocar isto.
Vou pedir internamente alguns exames com urgência para avaliarmos e ver se descobrimos o mais rapidamente possivel para que possamos discutir os melhores tratamentos para o seu caso.
A minha mãe interrompeu:
- Dra isso significa que a minha filha tem cancro?
- Infelizmente sim, não é uma noticia agradável, mas vamos fazer com que tudo seja tratado da melhor forma possivel, o mais rápido possivel.
- Porque não a mim (enquanto dizia isto, as lágrimas da minha querida mãe caíram fortemente, o mais curioso, e que a própria médica ficou de lágrimas nos olhos, o que me causou ternura e provou logo ali o quão humana era).
Não verti uma única lágrima, em tempo algum me descontrolei. Fiz as perguntas que podia dentro da pouca informação que tinha, e a médica foi mais uma vez extraordinária.
Perguntei eu:
- Dra, pela forma que vê a cintigrafia, pelos exames que tem em seu poder, e se realmente for da mama como estamos a pensar, diga-me por favor, em grau estará de momento?
- Olhe Helena, não quero induzi-la em erro, mas provavelmente num grau 4, mas como lhe disse, teremos de fazer mais exames. Aproveita e vai já já fazer estes exames de sangue aqui mesmo no hospital.
O único sentimento que tinha naquele preciso momento era desilusão.
Grau 4, como é possivel?
Neste dia em concreto, não poderia estar mais desiludida.
Saímos, com certezas (aquilo que eu mais queria), mas angustiados pelo desconhecido.
O post já vai longo, em breve contarei os dias que se seguiram, e o quanto foi e está a ser importante rodear-me de pessoas do bem, pessoas que me amam, que choram comigo e que me dão força.
Ainda dormia, e acordei sobressaltada pelo toque, um número que desconhecia.
Era do hospital, tinham acabado de marcar a minha primeira consulta de oncologia.
Informaram-me da data, da hora e do nome da médica que me iria seguir neste processo.
Desliguei, sentei-me na cama e modo off, rascunhei na agenda do telefone a data, hora da consulta.
Ali fiquei por breves minutos a tentar ter um raciocino lógico.
Não dá, não consigo pensar.
Escusado será dizer, que até á data da consulta, foram uns dias de ansiedade, embora muito poucos, porque em menos de uma semana já estava encaminhada.
Estes foram os posts iniciais, ou os mais marcantes na procura louca das dores que tinha nas costas.
Dois dias antes de iniciar as férias, recebo no correio, uma carta para me apresentar em consulta de neurocirurgia no Hospital.
Logo aí comecei mal as férias, a duvida de marcaria ou não marcaria algo, pois ao que parece a vida acontece quando menos esperamos.
Nervoso miudinho, tantas hérnias e uma vértebra fracturada lá terei de ir á faca, daí a consulta pensei eu.
Fui sozinha, com o nervoso de uma possivel cirurgia.
Um pouco longe da hora marcada, lá fui chamada para a consulta, e lá entrei eu, carregada de todos os exames efectuados até aqui, inclusive o mais recente, a cintigrafia.
Médico relativamente novo, simpático e ainda me pediu desculpa pelo tempo que me fez esperar, ao que agradeci a amabilidade e atenção.
Pega não pega, tira exame, lê relatório, vamos por partes, o primeiro, segundo e por ai fora até chegar á minha sentença, a cintigrafia.
Vi o médico mudar de feição, olhou para mim, e voltou a olhar para o relatório:
- Dna Helena, lamento muito em ter de lhe dar esta noticia, mas vou ter de encaminha-la com a máxima urgência.
- Então Dr, está a assustar-me, o que se passa?
- Temos de ir para Oncologia, isto não está com boa cara. Vou de imediato pedir exames internos, e vai com esta minha carta ao bloco de oncologia pedir marcação de consulta.
- Está a falar a sério?!
- Estou sim, lamento muito, mas vou marcar já aqui consulta para mim, quero vê-la em Outubro.
O mundo ruiu, deixei de pensar, tremia que fazia aflição.
Perguntando de auxiliar em auxiliar, lá cheguei ao tal bloco de Oncologia, fiz conta de não ver ninguém, não quero ver doentes, só quero ir embora daqui.
Saí, de pernas, braços e lábios a tremer.
Sentei-me num banco de jardim, no exterior do hospital. Ali fiquei, chorei, escondida pelos óculos de sol.
Aguardei, tentei controlar e secar as lágrimas, tentei respirar calmamente.
Como é que de um dia para o outro tens uma noticia destas? E agora? O que faço agora? Estou tão perdida.
Como darei a noticia, embora que muito vaga, não deixa de ser uma noticia atordoante.
Desse dia até aqui, já tanta coisa aconteceu, e quero muito partilhar convosco.
Hoje quero pedir-vos algumas sugestões.
A fazer 2 aninhos de namoro, e gostava de passar um fim de semana, daqueles memoráveis.
Como estará ainda bom tempo, quero apostar em piscina interior/exterior. Quero paz, calma e serenidade, longe da loucura de Agosto.
Eu adoro o Alentejo, mas tenho muita curiosidade em conhecer o norte/centro.
Alguma sugestão vossa? Agradeço
Beijo enorme
Olá malta!
Que surpresa boa, chegar ao blog e ver tantos seguidores :) As férias já passaram, agora só para Dezembro.
E vocês? Já foram de férias? curtiram? descansaram?
Prometo que amanhã começo os posts, tenho muita coisa para desabafar, mandar cá para fora.
Infelizmente para mim, não são boas noticias, mas a vida é feita disto.
Amanhã começo a rotina de espiar os vossos blogs, e ler todos os posts em atraso.